quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Do Acessa Escola para a Universidade de São Paulo




O
 aluno Cristiano Alves dos Santos sempre nos deu mais dor de cabeça do que alegrias. Era indisciplinado, sempre estava envolvido em confusões, perturbava a classe, não fazia as tarefas e, pior: acabou abandonando a escola várias vezes. Mas, como somos educadores e, portanto, sonhadores, nunca deixamos de acreditar em que, um dia, iríamos fisgá-lo. E foi o que aconteceu! Durante uma reunião de Conselho de Classe e Série, o professor Carmo, de Artes, comentou: “O Cristiano não faz nada na sala, mas ele é afinadíssimo.” Na hora percebi que talvez essa fosse a “isca” de que precisávamos.  Seu Carmo, como bom professor e excelente músico, ajudou-o a dar os primeiros passos, a aprender as notas, a desvendar as partituras. E logo o menino arredio e briguento passou a fazer parte do coral da escola. Percebi as primeiras mudanças. Mas, como garoto pobre, Cristiano continuava com dificuldades na escola. Trabalhava o dia todo e estudava à noite – sempre chegava atrasado e com os braços cheios de respingos de tinta. Muitas vezes ajudei-o a fazer os trabalhos escolares, ou a se preparar para uma aula aos quarenta e cinco do segundo tempo, como ele mesmo dizia. Entretanto, como Deus não faz serviço pela metade, em 2009, Cristiano teve a oportunidade de fazer a prova para o processo de seleção do Acessa Escola, um projeto da Secretaria da Educação que contrata alunos do 2° ano do Ensino Médio para atuar como monitores nas salas de Informática. Receoso, ele veio me perguntar várias vezes se deveria fazer a prova, já que, inseguro, tinha medo de fracassar. Ele ainda não sabia, mas o fracasso já era coisa do passado. Aprovado no referido processo seletivo e com a auto-estima nas nuvens, Cristiano ingressou em 2010, como aluno monitor. Foi a partir desse momento que ele deu a grande guinada em sua vida. A sala de informática demorou um tempo para ficar pronta, mas Cristiano passou, enfim, a viver para os estudos. Ficava na escola o dia todo. De manhã, a maior parte do tempo na biblioteca, lendo, perguntando e estudando muito. À tarde, retornava para cursar o Ensino Médio. Encantava-se com cada descoberta e lamentava os anos perdidos, as coisas que poderia ter aprendido. Aprendeu a admirar os bons professores, as aulas bem preparadas. Pesquisava muito na Internet e buscava aperfeiçoar a escrita, que ainda destoava um pouco de seus pensamentos. Li muitos de seus textos, mas acima de tudo li em seus olhos que ele estava, enfim, preparado para aproveitar todas as oportunidades e chegar à tão sonhada universidade. O curso, pouco importava: ele apenas queria chegar aonde somente pouquíssimos, com a mesma história de vida, haviam chegado – a uma universidade pública. “Quero ser um bom profissional em qualquer profissão, porque uma boa universidade, uma boa escola é tudo na vida da gente. Se a vida me der mais esta oportunidade, vou agarrá-la com unhas e dentes. A primeira foi o Programa Acessa Escola”.
Em seu discurso de formatura, ele emocionou a todos. Não pude conter as lágrimas quando, de improviso, Cristiano fez o discurso mais emocionante e verdadeiro que já ouvi em minha longa carreira no magistério. Disse que seu prontuário já estava no arquivo morto, que sua história já estava quase no epílogo, mas que ganhou sobrevida com o Programa Acessa Escola, e que os professores acreditaram nele e, por isso, ele estava ali. Disse também que iria chegar mais longe. E chegou! Hoje ele veio pessoalmente nos contar de sua aprovação e mostrar a sua matrícula na USP de Ribeirão Preto. Não precisava nem ter mostrado o documento, todos nós da família “Paulo Virgínio” já sabíamos. Nós não apenas acreditamos nele, como temos a certeza de que será um enfermeiro brilhante. Tudo aquilo que porventura possa lhe faltar em termos de conteúdos escolares será suprido pela sua imensa vontade de vencer. Esta sequência de experiências positivas lhe permitiu que descobrisse todo o seu potencial. Nesta escola, o Cristiano deixou de ser um menino briguento e desmotivado, e se tornou um grande homem. O programa Acessa Escola foi fundamental neste processo. Estamos na torcida para que esta história possa se repetir muitas vezes.
Shirley Rosane A. F. Monteiro - PC do Ensino Médio da EE Paulo Virgínio.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Volta às aulas na E.E “ Paulo Virgínio”

Diferentemente dos anos anteriores, a direção da E.E “ Paulo Virgínio” em Cunha precisou de novas estratégias para organizar a volta às aulas, pois a escola está sendo reformada e cerca de 30 operários trabalham na unidade. Para garantir o desenvolvimento do projeto pedagógico em meio à reforma os pais foram convocados para participar de uma reunião logo na primeira semana de aula. Durante a reunião a direção da escola apresentou o corpo docente, os projetos desenvolvidos pela Unidade ao longo do ano e as mudanças necessárias devido à reforma do prédio. Os pais fizeram sugestões de adaptações e se colocaram à disposição da escola para ajudar no que fosse preciso.
Para driblar a falta de espaço a escola está utilizando o refeitório e espaços da comunidade para desenvolver ações do projeto “Prevenção Também se Ensina” e para acolher os alunos, especialmente aqueles que vieram de outras escolas. Todos os alunos já receberam o Kit de Materiais, os Livros Didáticos e apostilas, e os professores estão organizando as Salas Ambiente de Física, Química, Biologia e Ciências.